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Exibindo 895 questões

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INF531

Conhecimentos Gerais

Espere, resignado, o dia 13 daquele mês porque, em tal data, usança avoenga lhe faculta sondar o futuro interrogando a providência. É a experiência tradicional de Santa Luzia. No dia 12 ao anoitecer expõe ao relento, em linha, seis pedrinhas de sal, que representam, em ordem sucessiva da esquerda para a direita, os seis meses vindouros de janeiro a junho. Ao alvorecer de 13 observa-as: se estão intactas, pressagiam a seca; se a primeira apenas se deliu, transmudada em aljôfar límpido, é certa a chuva em janeiro; se a segunda, em fevereiro; se a maioria ou todas, é inevitável o inverno benfazejo. Esta experiência é belíssima.

CUNHA, E. Os sertões. São Paulo: Editora Três, 1984.

No experimento descrito, a relação com a paisagem e com a religiosidade permite que o sertanejo seja

afeito à devoção ao aceitar destinos sacralizados.
acostumado à pobreza ao admitir acasos naturais.
habituado ao solo ao conhecer terrenos cultiváveis.
íntimo à Caatinga ao interpretar condições ambientais.
próximo à vegetação ao identificar espécies arbustivas.

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INF530

Português
   O Recife fervilhava no começo da década de 1990, e os artistas trabalhavam para resgatar o prestígio da cultura pernambucana. Era preciso se inspirar, literalmente, nas raízes sobre as quais a cidade se construiu. Foi aí que, em 1992, com a publicação de um manifesto escrito pelo músico e jornalista Fred Zero Quatro, da banda Mundo Livre S/A, nasceu o manguebeat. O nome vem de “mangue”, vegetação típica da região, e “beat”, para representar as batidas e as influências musicais que o movimento abraçaria a partir dali. Era a hora e a vez de os caranguejos — aos quais os músicos recifenses gostavam de se comparar — mostrarem as caras: o maracatu e suas alfaias se misturaram com as batidas do hip-hop, as guitarras do rock, elementos eletrônicos e o sotaque recifense de Chico Science. A busca pelo novo rendeu uma perspectiva diferente do Brasil ao olhar para o Recife. A cidade deixou de ser o lugar apenas do frevo e do carnaval, transformando-se na ebulição musical que continua a acontecer mesmo após os 25 anos do lançamento do primeiro disco da Nação Zumbi, Da lama ao caos.

    FORCIONI, G. et al. O mangue está de volta. Revista Esquinas, n. 87, set 2019 (adaptado).

 Chico Science foi fundamental para a renovação da música pernambucana, fato que se deu pela
utilização de aparelhos musicais eletrônicos em lugar dos instrumentos tradicionais.
ocupação de espaços da natureza local para a produção de eventos musicais memoráveis.
substituição de antigas práticas musicais, como o frevo, por melodias e harmonias inovadoras.
recuperação de composições tradicionais folclóricas e sua apresentação em grandes festivais.
integração de referenciais culturais de diferentes origens, criando uma nova combinação estética.

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INF529

Português

TEXTO I


SILVEIRA, R. In absentia, 1983. Instalação, 17ª Bienal de São Paulo.
Disponível em: www.bienal.org.br. Acesso em: 1 set. 2016 (adaptado).

TEXTO II

        O Termo ready-made foi criado por Marcel Duchamp (1887-1968) para designar um tipo de objeto, por ele inventado, que consiste em um ou mais artigos de uso cotidiano, produzidos em massa, selecionados sem critérios e expostos como obras de arte em espaços especializados (museus e galerias). Seu primeiro ready-made, de  1912, é uma roda de bicicleta montada sobre um banquinho (Roda de bicicleta). Ao transformar qualquer objeto em obra de arte, o artista realiza uma crítica radical ao sistema da arte.

Disponível em: www.bienal.org.br. Acesso em: 1 set. 2016 (adaptado).

A instalação In absentia propõe um diálogo com o ready-made Roda de bicicleta, demonstrando que 

as formas de criticar obras do passado se repetem.
a recorrência de temas marca a arte do final do século XX.
as criações desmistificam os valores estéticos estabelecidos.
o distanciamento temporal permite a transformação dos referenciais estéticos.
o objeto ausente sugere a degradação da forma superando o modelo artístico.

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INF528

Português

    Vanda vinha do interior de Minas Gerais e de dentro de um livro de Charles Dickens. Sem dinheiro para criá-la, sua mãe a dera, com seus sete anos, a uma conhecida. Ao recebê-la, a mulher perguntou o que a garotinha gostava de comer. Anotou tudo num papel. Mal a mãe virou as costas, no entanto, a fulana amassou a lista e, como uma vilã de folhetim, decretou: “A partir de hoje, você não vai mais nem sentir o cheiro dessas comidas!”.
    Vanda trabalhou lá até os quinze anos, quando recebeu a carta de uma prima com uma nota de cem cruzeiros, saiu de casa com a roupa do corpo e fugiu num ônibus para São Paulo.
   Todas as vezes que eu e minha irmã a importunávamos com nossas demandas de criança mimada, ela nos contava histórias da infância de gata-borralheira, fazia-nos apertar seu nariz quebrado por uma das filhas da “patroa” com um rolo de amassar pão e nos expulsava da cozinha: “Sai pra lá, peste, e me deixa acabar essa janta”.

PRATA, A. Nu de botas. São Paulo: Cia. das Letras, 2013 (adaptado).

Pela ótica do narrador, a trajetória da empregada de sua casa assume um efeito expressivo decorrente da 

citação a referências literárias tradicionais.
alusão à inocência das crianças da época.
estratégia de questionar a bondade humana.
descrição detalhada das pessoas do interior.
representação anedótica de atos de violência.

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INF527

Português
        10 de maio
        Fui na delegacia e falei com o tenente. Que homem amavel! Se eu soubesse que ele era tão amavel, eu teria ido na delegacia na primeira intimação. [...] O tenente interessou-se pela educação dos meus filhos. Disse-me que a favela é um ambiente propenso, que as pessoas tem mais possibilidade de delinquir do que tornar-se util a patria e ao país. Pensei: se ele sabe disto, porque não faz um relatorio e envia para os politicos? O senhor Janio Quadros, o Kubstchek e o Dr. Adhemar de Barros? Agora falar para mim, que sou uma pobre lixeira. Não posso resolver nem as minhas dificuldades.
        ... O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já passou fome. A fome tambem é professora.
        Quem passa fome aprende a pensar no próximo, e nas crianças.

JESUS, C. M. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014
   
A partir da intimação recebida pelo filho de 9 anos, a autora faz uma reflexão em que transparece a
lição de vida comunicada pelo tenente.
predisposição materna para se emocionar
atividade política marcante da comunidade.
resposta irônica ante o discurso da autoridade.
necessidade de revelar seus anseios mais íntimos.