Por que o Brasil continuou um só enquanto a América espanhola se dividiu em
vários países?
Para o historiador brasileiro José Murilo de Carvalho, no Brasil, parte da sociedade
era muito mais coesa ideologicamente do que a espanhola. Carvalho argumenta que isso
se deveu à tradição burocrática portuguesa. “Portugal nunca permitiu a criação de
universidades em sua colônia”. Por outro lado, na América espanhola, entre 1772 e 1872,
150 mil estudantes se formaram em universidades locais. Para o historiador mexicano
Alfredo Ávila Rueda, as universidades na América espanhola eram, em sua maioria,
reacionárias. Nesse sentido, o historiador mexicano diz acreditar que a livre circulação de
impressos (jornais, livros e panfletos) na América espanhola, que não era permitida na
América portuguesa (a proibição só foi revertida em 1808), teve função muito mais
importante na construção de regionalismos do que propriamente as universidades.
Desde o século XII que a cristandade ocidental era agitada pelo desafio lançado pela
cultura profana — a dos romances de cavalaria, mas também a cultura folclórica dos
camponeses e igualmente a dos citadinos, de caráter mais jurídico — à cultura
eclesiástica, cujo veículo era o latim. Francisco de Assis veio alterar a situação, propondo
aos seus ouvintes uma mensagem acessível a todos e, simultaneamente, enobrecendo a
língua vulgar através do seu uso na religião.
VAUCHEZ, A. A espiritualidade da Idade Média Ocidental, séc. VIII-XIII. Lisboa: Estampa, 1995.
O comportamento desse religioso demonstra uma preocupação com as características
assumidas pela Igreja e com as desigualdades sociais compartilhada no seu tempo
pelos(as)
De um lado, ancorados pela prática médica europeia, por outro, pela terapêutica
indígena, com seu amplo uso da flora nativa, os jesuítas foram os reais iniciadores do
exercício de uma medicina híbrida que se tornou marca do Brasil colonial. Alguns
religiosos vinham de Portugal já versados nas artes de curar, mas a maioria aprendeu na
prática diária as funções que deveriam ser atribuídas a um físico, cirurgião, barbeiro ou
boticário.
GURGEL, C. Doenças e curas: o Brasil nos primeiros séculos. São Paulo: Contexto, 2010 (adaptado).
Conforme o texto, o que caracteriza a construção da prática medicinal descrita é a
Eu, Dom João, pela graça de Deus, faço saber a V. Mercê que me aprouve banir para
essa cidade vários ciganos — homens, mulheres e crianças — devido ao seu
escandaloso procedimento neste reino. Tiveram ordem de seguir em diversos navios
destinados a esse porto, e, tendo eu proibido, por lei recente, o uso da sua língua
habitual, ordeno a V. Mercê que cumpra essa lei sob ameaça de penalidades, não
permitindo que ensinem dita língua a seus filhos, de maneira que daqui por diante o seu
uso desapareça.
TEIXEIRA, R. C. História dos ciganos no Brasil. Recife: Núcleo de Estudos Ciganos, 2008.
A ordem emanada da Coroa portuguesa para sua colônia americana, em 1718,
apresentava um tratamento da identidade cultural pautado em
Quando Getúlio Vargas se suicidou, em agosto de 1954, o país parecia à beira do
caos. Acuado por uma grave crise política, o velho líder preferiu uma bala no peito à
humilhação de aceitar uma nova deposição, como a que sofrera em outubro de 1945.
Entretanto, ao contrário do que imaginavam os inimigos, ao ruído do estampido não se
seguiu o silêncio que cerca a derrota.
REIS FILHO, D. A. O Estado à sombra de Vargas. Revista Nossa História, n. 7, maio 2004.
O evento analisado no texto teve como repercussão imediata na política nacional a