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Exibindo 1074 questões

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INF324

Português
“São tantas formas de matar um preto
Que para alguns sua morte é justificada
Devia tá fazendo coisa errada
Se não era bandido, um dia ia ser
Por ser PRETO sua morte é defendida
O PRETO sempre merece morrer”.
       A estrofe acima é do poeta e educador social Baticum Proletário, que atua na periferia de Fortaleza, no Ceará, preparando jovens — em quase sua totalidade negros — para enfrentar as dificuldades impostas pelo racismo estrutural no país.
     É a partir da arte que Baticum consegue envolver a juventude em um projeto de fortalecimento dessa população ao promover batalhas de rimas, slams e saraus com temáticas que discutem os problemas sociais. Não por acaso, o tema mais explorado nas rimas, versos e prosas é a violência. De acordo com o mais recente Atlas da violência, em 2019, os negros representaram 77% das vítimas de homicídios, quase 30 assassinatos por 100 mil habitantes, a maioria deles jovens.
    O Atlas revela ainda que um negro tem quase 2,7 vezes mais chance de ser morto do que um branco, o que justifica o movimento de resistência crescente no Brasil.

MENDONÇA, F. Disponível em: www.cartacapital.com.br. Acesso em: 22 nov. 2021 (adaptado).

O uso de citação e de dados estatísticos nesse texto tem o objetivo de
ressaltar a importância da poesia para denunciar a morte de negros, que cresce a cada dia.
destacar o crescimento exponencial da temática do preconceito na produção literária no Brasil.
demonstrar o incremento no quantitativo de expressões artísticas na discussão de problemas sociais.
evidenciar argumentos que reforçam a ideia de que os negros são vítimas em potencial da violência.
salientar o aumento da participação de jovens nos movimentos de resistência na área da cultura. 

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INF323

Português

TEXTO I

Alegria, alegria
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não?

VELOSO, C. Alegria, alegria. Rio de Janeiro: Polygram, 1990 (fragmento).

TEXTO II

Anjos tronchos

Uns anjos tronchos do Vale do Silício
Desses que vivem no escuro em plena luz
Disseram vai ser virtuoso no vício
Das telas dos azuis mais do que azuis

Agora a minha história é um denso algoritmo
Que vende venda a vendedores reais
Neurônios meus ganharam novo outro ritmo
E mais, e mais, e mais, e mais, e mais

VELOSO, C. Meu coco. Rio de Janeiro: Sony, 2021 (fragmento).

Embora oriundas de momentos históricos diferentes, essas letras de canção têm em comum a

referência às cores como elemento de crítica a hábitos contemporâneos.
percepção da profusão de informações gerada pela tecnologia.
contraposição entre os vícios e as virtudes da vida moderna.
busca constante pela liberdade de expressão individual.
crítica à finalidade comercial das notícias. 

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INF322

Português
Como é bom reencontrar os leitores da Revista da Cultura por meio de uma publicação com outro visual, conteúdo de qualidade e interesses ampliados! ]cultura[, este nome simples, e eu diria mesmo familiar, nasce entre dois colchetes voltados para fora. E não é por acaso: são sinais abertos, receptivos, propícios à circulação de ideias. O DNA da publicação se mantém o mesmo, afinal, por longos anos montamos nossas edições com assuntos saídos das estantes de uma grande livraria — e assim continuará sendo. Literatura, sociologia, filosofia, artes... nunca será difícil montar a pauta da revista porque os livros nos ensinam que monotonia é só para quem não lê.

HERZ, P. ]cultura[, n. 1, jun. 2018 (adaptado).

O uso não padrão dos colchetes para nomear a revista atribui-lhes uma nova função e está correlacionado ao(à)
perfil de público-alvo, constituído por leitores exigentes e especializados em leitura acadêmica.
propósito do editor, chamando a atenção para o rigor normativo nos textos da revista.
exclusividade na seleção temática, direcionada para a área das ciências humanas. 
identidade da revista, voltada para a recepção e a promoção de ideias circulantes em livros.
padrão editorial dos artigos, organizados em torno de uma proposta de design inovador. 

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INF321

Português
     Mandioca, macaxeira, aipim e castelinha são nomes diferentes da mesma planta. Semáforo, sinaleiro e farol também significam a mesma coisa. O que muda é só o hábito cultural de cada região. A mesma coisa acontece com a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Embora ela seja a comunicação oficial da comunidade surda no Brasil, existem sinais que variam em relação à região, à idade e até ao gênero de quem se comunica. A cor verde, por exemplo, possui sinais diferentes no Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo. São os regionalismos na língua de sinais.
       Essas variações são um dos temas da disciplina Linguística na língua de sinais, oferecida pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) ao longo do segundo semestre. “Muitas pessoas pensam que a língua de sinais é universal, o que não é verdade”, explica a professora e chefe do Departamento de Linguística, Literatura e Letras Clássicas da Unesp. “Mesmo dentro de um mesmo país, ela sofre variação em relação à localização geográfica, à faixa etária e até ao gênero dos usuários”, completa a especialista.
        Os surdos podem criar sinais diferentes para identificar lugares, objetos e conceitos. Em São Paulo, o sinal de “cerveja” é feito com um giro do punho como uma meia-volta. Em Minas, a bebida é citada quando os dedos indicador e médio batem no lado do rosto. Também ocorrem mudanças históricas. Um sinal pode sofrer alterações decorrentes dos costumes da geração que o utiliza.

Disponível em: www.educacao.sp.gov.br. Acesso em: 1 nov. 2021 (adaptado).

Nesse texto, a Língua Brasileira de Sinais (Libras)
passa por fenômenos de variação linguística como qualquer outra língua.
apresenta variações regionais, assumindo novo sentido para algumas palavras.
sofre mudança estrutural motivada pelo uso de sinais diferentes para algumas palavras.
diferencia-se em todo o Brasil, desenvolvendo cada região a sua própria língua de sinais.
é ininteligível para parte dos usuários em razão das mudanças de sinais motivadas geograficamente.

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INF320

Português
     As cinzas do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, consumido pelas chamas no mês de setembro de 2018, são mais do que restos de fósseis, cerâmicas e espécimes raros. O museu abrigava, entre mais de 20 milhões de peças, os esqueletos com as respostas para perguntas que ainda não haviam sido respondidas — ou sequer feitas — por pesquisadores brasileiros. E o incêndio pode ter calado para sempre palavras e cantos indígenas ancestrais, de línguas que não existem mais no mundo.
     O acervo do local continha gravações de conversas, cantos e rituais de dezenas de sociedades indígenas, muitas feitas durante a década de 1960 com antigos gravadores de rolo e que ainda não haviam sido digitalizadas. Alguns dos registros abordavam línguas já extintas, sem falantes originais ainda vivos. “A esperança é que outras instituições tenham registros dessas línguas”, diz a linguista Marilia Facó Soares. A pesquisadora, que trabalha com os índios Tikuna, o maior grupo da Amazônia brasileira, crê ter perdido parte de seu material. “Terei que fazer novas viagens de campo para recompor meus arquivos. Mas obviamente não dá para recuperar a fala de nativos já falecidos, geralmente os mais idosos”, lamenta.

Disponível em: https://brasil.elpais.com. Acesso em: 10 dez. 2018 (adaptado).

A perda dos registros linguísticos no incêndio do Museu Nacional tem impacto potencializado, uma vez que
exige a retomada das pesquisas por especialistas de diferentes áreas.
representa danos irreparáveis à memória e à identidade nacionais.
impossibilita o surgimento de novas pesquisas na área. 
resulta na extinção da cultura de povos originários.
inviabiliza o estudo da língua do povo Tikuna.