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Exibindo 1074 questões

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INF339

Português

TEXTO I
         Logo no início de Gira, um grupo de sete bailarinas ocupa o centro da cena. Mãos cruzadas sobre a lateral esquerda do quadril, olhos fechados, troncos que pendulam sobre si mesmos em vaguíssimas órbitas, tudo nelas sugere o transe. Está estabelecido o caráter volátil do que se passará no palco dali para frente. Mas engana-se quem pensa que vai assistir a uma representação mimética dos cultos afro-brasileiros.

TEXTO II


Disponível em: www.grupocorpo.com.br. Acesso em: 2 jul. 2019.

No diálogo que estabelece com religiões afro-brasileiras, sintetizado na descrição e na imagem do espetáculo, a dança exprime uma

crítica aos movimentos padronizados do balé clássico.
representação contemporânea de rituais ancestrais extintos. 
reelaboração estética erudita de práticas religiosas populares.
releitura irônica da atmosfera mística presente no culto a entidades.
oposição entre o resgate de tradições e a efemeridade da vida humana.

1042

INF338

Português

TEXTO I


SEGALL, L. Eternos caminhantes. Óleo sobre tela, 138 x 184 cm. Museu Lasar Segall, IbramMinc, São Paulo, 1919.

TEXTO II

       Em 1933, a obra Eternos caminhantes ingressou em uma das primeiras edições das exposições de Arte Degenerada, promovida por membros do partido nazista alemão. Nos anos seguintes, ela voltaria a ser exibida na mostra denominada Exposição da Vergonha, promovida por pequenos grupos abastados. Em 1937, essa obra foi confiscada pelo Ministério da Propaganda daquele país, na grande ação nacional-socialista contra a “Arte Degenerada”.

SCHWARTZ, J. Perseguição à Arte Moderna em tempos de guerra. São Paulo: Museu Lasar Segall, 2018 (adaptado).

Quase cinquenta obras de LasarSegall foram confiscadas pelo regime totalitário alemão na primeira metade do século XX, entre elas a obra Eternos caminhantes, considerada degenerada por

representar uma estética tida como inconveniente para o ideário político vigente. 
manifestar um posicionamento político-cultural concebido por grupos de oposição. 
expressar a cultura artística por meio da representação parcial do corpo humano.
apresentar uma composição que antecipa o imaginário artístico germânico. 
estimular discussões sobre o papel da arte na construção coletiva de cultura.

1043

INF337

Português
O sol começa a descer por trás da vegetação da Ilha da Restinga, na outra margem do rio Paraíba, colorindo o céu de amarelo, laranja e lilás. Então se ouvem as primeiras notas do Bolero, do compositor francês Maurice Ravel, executadas pelo saxofonista Jurandy. É assim o pôr do sol da praia do Jacaré, em Cabedelo (Grande João Pessoa). Depois do Bolero, Jurandy toca Asa branca, de Luiz Gonzaga, e Meu sublime torrão, de Genival Macedo, espécie de hino não oficial da Paraíba.

PINHEIRO, A. Sol se põe embalado pelo Bolero de Ravel. Disponível em: http://tools.folha.com.br. Acesso em: 16 set. 2012 (adaptado).

A interpretação musical de Jurandy do Sax, codinome de José Jurandy Félix, apresenta um repertório caracterizado pela
inter-relação de referenciais estéticos aparentemente distanciados.
valorização de músicas que revelam mensagens de serenidade.
consagração do repertório erudito como cultura dominante.
iniciativa de estímulo à vocação turística da cidade.
divisão hierárquica entre gêneros e estilos musicais. 

1044

INF336

Português
Migalhas
Entre a toalha branca e um bule de café
seria inapropriado dizer
eu não te amo mais.
Era necessário algo mais solene,
um jardim japonês para as perdas pensadas,
um noturno de tempestade
para arrebentar de dor,
uma praia de pedras para chorar
em silêncio, uma cama alta
para o incenso da despedida,
uma janela
dando para o abismo.
No entanto você abaixa os olhos
e recolhe lentamente as migalhas de pão
sobre a mesa posta para dois.

MARQUES, A. M. A vida submarina. São Paulo: Cia. das Letras, 2021.

Nesse poema, a representação do sentimento amoroso recupera a tradição lírica, mas se ajusta à visão contemporânea ao
invocar o interlocutor para uma tomada de posição.
questionar a validade do envolvimento romântico.
diluir em banalidade a comoção de um amor frustrado. 
transformar em paz as emoções conflituosas do casal. 
condicionar a existência da paixão a espaços idealizados.

1045

INF335

Português
Enquanto estivemos entretidos com os urubus outras coisas andaram acontecendo na cidade. A Companhia baixou novas proibições, umas inteiramente bobocas, só pelo prazer de proibir (ninguém podia cuspir pra cima, nem carregar água em jacá, nem tapar o sol com peneira, como se todo mundo estivesse abusando dessas esquisitices); mas outras bem irritantes, como a de pular muro pra cortar caminho, tática que quase todo mundo que não sofria de reumatismo vinha adotando ultimamente, principalmente os meninos. E não confiando na proibição só, nem na força dos castigos, que eram rigorosos, a Companhia ainda mandou fincar cacos de garrafa nos muros. Achei isso um exagero, e comentei o assunto com mamãe. Meu pai ouviu lá do quarto e veio explicar. Disse que em épocas normais bastava uma coisa ou outra; mas agora a Companhia não podia admitir nenhuma brecha em suas ordens; se alguém desobedecesse à proibição podia se cortar nos cacos; se alguém conseguisse pular um muro quebrando o corte de alguns cacos, ou jogando um couro por cima, era apanhado pela proibição, nhoc — e fez o gesto de quem torce o pescoço de um frango.

VEIGA, J. J. Sombras de reis barbudos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. 

Sob a perspectiva do menino que narra, os fatos ficcionais oferecem um esboço do momento político vigente na década de 1970, aqui representado pelo
culto ao medo, infiltrado em situações do cotidiano.
sentimento de dúvida quanto à veracidade das informações.
ambiente de sonho, delineado por imagens perturbadoras.
incentivo ao desenvolvimento econômico com a iniciativa privada.
espaço urbano marcado por uma política de isolamento das crianças.