De fato, não é porque o homem pode usar a
vontade livre para pecar que se deve supor que Deus
a concedeu para isso. Há, portanto, uma razão pela
qual Deus deu ao homem esta característica, pois sem
ela não poderia viver e agir corretamente. Pode-se
compreender, então, que ela foi concedida ao homem
para esse fim, considerando-se que se um homem a
usa para pecar, recairão sobre ele as punições divinas.
Ora, isso seria injusto se a vontade livre tivesse sido
dada ao homem não apenas para agir corretamente,
mas também para pecar. Na verdade, por que deveria
ser punido aquele que usasse sua vontade para o fim
para o qual ela lhe foi dada?
AGOSTINHO. O livre-arbítrio. In: MARCONDES, D. Textos básicos
de ética.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
Nesse texto, o filósofo cristão Agostinho de Hipona
sustenta que a punição divina tem como fundamento o(a)