A senhora manifestava-se por atos, por gestos,
e sobretudo por um certo silêncio, que amargava, que esfolava.
Porém desmoralizar escancaradamente o marido, não era
com ela. [...] As negras receberam ordem para meter no serviço a gente
do tal compadre Silveira: as cunhadas, ao fuso; os cunhados,
ao campo, tratar do gado com os vaqueiros; a mulher e as
irmãs, que se ocupassem da ninhada. Margarida não tivera
filhos, e como os desejasse com a força de suas vontades,
tratava sempre bem aos pequenitos e às mães que os estavam
criando. Não era isso uma sentimentalidade cristã, uma ternura,
era o egoísta e cru instinto da maternidade, obrando por mera
simpatia carnal. Quanto ao pai do lote (referia-se ao Antônio),
esse que fosse ajudar ao vaqueiro das bestas. Ordens dadas, o Quinquim referendava. Cada um
moralizava o outro, para moralizar-se. PAIVA, M. O. Dona Guidinha do Poço. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d. No trecho do romance naturalista, a forma como
o narrador julga comportamentos e emoções das
personagens femininas revela influência do pensamento