ENEM - 2018 - INEP

N° de questões: 179

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INF1406

Português

        Ó Pátria amada,
        Idolatrada,
        Salve! Salve!
        Brasil, de amor eterno seja símbolo
        O lábaro que ostentas estrelado,
        E diga o verde-louro dessa flâmula
        — “Paz no futuro e glória no passado.”
        Mas, se ergues da justiça a clava forte,
        Verás que um filho teu não foge à luta,
        Nem teme, quem te adora, a própria morte.
        Terra adorada,
        Entre outras mil,
        És tu, Brasil,
        Ó Pátria amada!
        Dos filhos deste solo és mãe gentil,
        Pátria amada, Brasil!

Hino Nacional do Brasil. Letra: Joaquim Osório Duque Estrada.
Música: Francisco Manuel da Silva (fragmento).

O uso da norma-padrão na letra do Hino Nacional do Brasil é justificado por tratar-se de um(a)

reverência de um povo a seu país.
gênero solene de característica protocolar.
canção concebida sem interferência da oralidade.
escrita de uma fase mais antiga da língua portuguesa.
artefato cultural respeitado por todo o povo brasileiro.

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INF1407

Português


SILVA, I.; SANTOS, M. E. P; JUNG, N. M. Domínios de Lingu@gem, n.4, out.-dez. 2016 (adaptado).

A fotografia exibe a fachada de um supermercado em Foz do Iguaçu, cuja localização transfronteiriça é marcada tanto pelo limite com Argentina e Paraguai quanto pela presença de outros povos. Essa fachada revela o(a)

apagamento da identidade linguística.
planejamento linguístico no espaço urbano.
presença marcante da tradição oral na cidade.
disputa de comunidades linguísticas diferentes.
poluição visual promovida pelo multilinguismo.

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INF1408

Português

        O trabalho não era penoso: colar rótulos, meter vidros em caixas, etiquetá-las, selá-las, envolvê-las em papel celofane, branco, verde, azul, conforme o produto, separá-las em dúzias... Era fastidioso. Para passar mais rapidamente as oito horas havia o remédio: conversar. Era proibido, mas quem ia atrás de proibições? O patrão vinha? Vinha o encarregado do serviço? Calavam o bico, aplicavam-se ao trabalho. Mal viravam as costas, voltavam a taramelar. As mãos não paravam, as línguas não paravam. Nessas conversas intermináveis, de linguagem solta e assuntos crus, Leniza se completou. Isabela, Afonsina, Idália, Jurete, Deolinda - foram mestras. O mundo acabou de se desvendar. Leniza perdeu o tom ingênuo que ainda podia ter. Ganhou um jogar de corpo que convida, um quebrar de olhos que promete tudo, à toa, gratuitamente. Modificou-se o timbre de sua voz. Ficou mais quente. A própria inteligência se transformou. Tornou-se mais aguda, mais trepidante.

REBELO, M. A estrela sobe. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009.

O romance, de 1939, traz à cena tipos e situações que espelham o Rio de Janeiro daquela década. No fragmento, o narrador delineia esse contexto centrado no

julgamento da mulher fora do espaço doméstico.
relato sobre as condições de trabalho no Estado Novo.
destaque a grupos populares na condição de protagonistas.
processo de inclusão do palavrão nos hábitos de linguagem.
vínculo entre as transformações urbanas e os papéis femininos.

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INF1409

Português

A imagem da negra e do negro em produtos de 
beleza e a estética do racismo

Resumo: Este artigo tem por finalidade discutir a representação da população negra, especialmente da mulher negra, em imagens de produtos de beleza presentes em comércios do nordeste goiano. Evidencia-se que a presença de estereótipos negativos nessas imagens dissemina um imaginário racista apresentado sob a forma de uma estética racista que camufla a exclusão e normaliza a inferiorização sofrida pelos(as) negros(as) na sociedade brasileira. A análise do material imagético aponta a desvalorização estética do negro, especialmente da mulher negra, e a idealização da beleza e do branqueamento a serem alcançados por meio do uso dos produtos apresentados. O discurso midiático-publicitário dos produtos de beleza rememora e legitima a prática de uma ética racista construída e atuante no cotidiano. Frente a essa discussão, sugere-se que o trabalho antirracismo, feito nos diversos espaços sociais, considere o uso de estratégias para uma “descolonização estética” que empodere os sujeitos negros por meio de sua valorização estética e protagonismo na construção de uma ética da diversidade.
Palavras-chave: Estética, racismo, mídia, educação, diversidade.

SANT’ANA, J. A imagem da negra e do negro em produtos de beleza e a estética do
racismo. Dossiê: trabalho e educação básica. Margens Interdisciplinar.
Versão digital. Abaetetuba, n.16,jun. 2017 (adaptado).

O cumprimento da função referencial da linguagem é uma marca característica do gênero resumo de artigo acadêmico. Na estrutura desse texto, essa função é estabelecida pela

impessoalidade, na organização da objetividade das informações, como em “Este artigo tem por finalidade” e “Evidencia-se”.
seleção lexical, no desenvolvimento sequencial do texto, como em “imaginário racista” e “estética do negro”.
metaforização, relativa à construção dos sentidos figurados, como nas expressões “descolonização estética” e “discurso midiático-publicitário”.
nominalização, produzida por meio de processos derivacionais na formação de palavras, como “inferiorização” e “desvalorização”.
adjetivação, organizada para criar uma terminologia antirracista, como em “ética da diversidade” e “descolonização estética”.

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INF1410

Português


ROSA, R. Grande sertão: veredas: adaptação da obra de João Guimarães Rosa.
São Paulo: Globo, 2014 (adaptado).

A imagem integra uma adaptação em quadrinhos da obra Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa. Na representação gráfica, a inter-relação de diferentes linguagens caracteriza-se por

romper com a linearidade das ações da narrativa literária.
ilustrar de modo fidedigno passagens representativas da história
articular a tensão do romance à desproporcionalidade das formas.
potencializar a dramaticidade do episódio com recursos das artes visuais.
desconstruir a diagramação do texto literário pelo desequilíbrio da composição.

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INF1411

Português

        Tanto os Jogos Olímpicos quanto os Paralímpicos são mais que uma corrida por recordes, medalhas e busca da excelência. Por trás deles está a filosofia do barão Pierre de Coubertin, fundador do Movimento Olímpico. Como educador, ele viu nos Jogos a oportunidade para que os povos desenvolvessem valores, que poderiam ser aplicados não somente ao esporte, mas à educação e à sociedade. Existem atualmente sete valores associados aos Jogos. Os valores olímpicos são: a amizade, a excelência e o respeito, enquanto os valores paralímpicos são: a determinação, a coragem, a igualdade e a inspiração.

MIRAGAYA, A. Valores para toda a vida. Disponível em: www.esporteessencial.com.br.
Acesso em: 9 ago. 2017 (adaptado).

No contexto das aulas de Educação Física escolar, os valores olímpicos e paralímpicos podem ser identificados quando o colega

procura entender o próximo, assumindo atitudes positivas como simpatia, empatia, honestidade, compaixão, confiança e solidariedade, o que caracteriza o valor da igualdade.
faz com que todos possam ser iguais e receber o mesmo tratamento, assegurando imparcialidade, oportunidades e tratamentos iguais para todos, o que caracteriza o valor da amizade.
dá o melhor de si na vivência das diversas atividades relacionadas ao esporte ou aos jogos, participando e progredindo de acordo com seus objetivos, o que caracteriza o valor da coragem.
manifesta a habilidade de enfrentar a dor, o sofrimento, o medo, a incerteza e a intimidação nas atividades, agindo corretamente contra a vergonha, a desonra e o desânimo, o que caracteriza o valor da determinação.
inclui em suas ações o fair play (jogo limpo), a honestidade, o sentimento positivo de consideração por outra pessoa, o conhecimento dos seus limites, a valorização de sua própria saúde e o combate ao doping, o que caracteriza o valor do respeito.

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INF1412

Português

Mais big do que bang

        A comunidade científica mundial recebeu, na semana passada, a confirmação oficial de uma descoberta sobre a qual se falava com enorme expectativa há alguns meses. Pesquisadores do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian revelaram ter obtido a mais forte evidência até agora de que o universo em que vivemos começou mesmo pelo Big Bang, mas este não foi explosão, e sim uma súbita expansão de matéria e energia infinitas concentradas em um ponto microscópico que, sem muitas opções semânticas, os cientistas chamam de “singularidade”. Essa semente cósmica permanecia em estado latente e, sem que exista ainda uma explicação definitiva, começou a inchar rapidamente [...]. No intervalo de um piscar de olhos, por exemplo, seria possível, portanto, que ocorressem mais de 10 trilhões de Big Bangs.

ALLEGRETTI, F. Veja, 26 mar. 2014 (adaptado).

No título proposto para esse texto de divulgação científica, ao dissociar os elementos da expressão Big Bang, a autora revela a intenção de

evidenciar a descoberta recente que comprova a explosão de matéria e energia.
resumir os resultados de uma pesquisa que trouxe evidências para a teoria do Big Bang.
sintetizar a ideia de que a teoria da expansão de matéria e energia substitui a teoria da explosão.
destacar a experiência que confirma uma investigação anterior sobre a teoria de matéria e energia.
condensar a conclusão de que a explosão de matéria e energia ocorre em um ponto microscópico.

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INF1413

Português


Disponível em: www.separeolixo.gov.br. Acesso em: 4 dez. 2017 (adaptado).

Nessa campanha, a principal estratégia para convencer o leitor a fazer a reciclagem do lixo é a utilização da linguagem não verbal como argumento para


reaproveitamento de material.
facilidade na separação do lixo.
melhoria da condição do catador.
preservação de recursos naturais.
geração de renda para o trabalhador.

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INF1414

Português

TEXTO I

Também chamados impressões ou imagens fotogramáticas [...], os fotogramas são, numa definição genérica, imagens realizadas sem a utilização da câmera fotográfica, por contato direto de um objeto ou material com uma superfície fotossensível exposta a uma fonte de luz. Essa técnica, que nasceu junto com a fotografia e serviu de modelo a muitas discussões sobre a ontologia da imagem fotográfica, foi profundamente transformada pelos artistas da vanguarda, nas primeiras décadas do século XX. Representou mesmo, ao lado das colagens, fotomontagens e outros procedimentos técnicos, a incorporação definitiva da fotografia à arte moderna e seu distanciamento da representação figurativa.

COLUCCI, M. B. Impressões fotogramáticas e vanguardas: as experiências de Man Ray.
Studium, n. 2, 2000.

TEXTO II


RAY, M. Rayograph, 1922. 23,9 x 29,9 cm. MOMA, Nova York. 

Disponível em: www.moma.org. Acesso em: 18 abr. 2018 (adaptado).

No fotograma de Man Ray, o “distanciamento da representação figurativa” a que se refere o Texto I manifesta-se na

ressignificação do jogo de luz e sombra, nos moldes surrealistas.
imposição do acaso sobre a técnica, como crítica à arte realista.
composição experimental, fragmentada e de contornos difusos.
abstração radical, voltada para a própria linguagem fotográfica.
imitação de formas humanas, com base em diferentes objetos.

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INF1415

Português

        Eu sobrevivi do nada, do nada
        Eu não existia
        Não tinha uma existência
        Não tinha uma matéria
        Comecei existir com quinhentos milhões
                                                e quinhentos mil anos
        Logo de uma vez, já velha
        Eu não nasci criança, nasci já velha
        Depois é que eu virei criança
        E agora continuei velha
        Me transformei novamente numa velha
        Voltei ao que eu era, uma velha

PATROCÍNIO, S. In: MOSÉ, V. (Org ). Reino dos bichos e dos animais é meu nome.
Rio de Janeiro: Azougue, 2009.

Nesse poema de Stela do Patrocínio, a singularidade da expressão lírica manifesta-se na

representação da infância, redimensionada no resgate da memória.
associação de imagens desconexas, articuladas por uma fala delirante.
expressão autobiográfica, fundada no relato de experiências de alteridade.
incorporação de elementos fantásticos, explicitada por versos incoerentes.
transgressão à razão, ecoada na desconstrução de referências temporais.